Você sabia que levamos dez anos para assimilar as mudanças no idioma? A nova ortografia da língua portuguesa entrou em vigor no Brasil em janeiro de 2016. Muitos de nós, porém, ainda têm dúvidas, já que não é assim tão fácil assimilar as mudanças. Por essa razão, fizemos um manual sobre a nova ortografia para que você aprenda com mais facilidade. Quando surgir dúvidas, pode voltar aqui para lembrar.
Este artigo é simples!
https://www.youtube.com/watch?v=paN8InIcqlk&t=244s
Quando a nova ortografia começou a valer?
Desde 16 de dezembro de 1990 os países de língua portuguesa planejavam essa mudança. Entrou em vigor no Brasil em janeiro de 2016.
Quem assinou?
- Portugal,
- Brasil,
- Angola,
- São Tomé e Príncipe,
- Cabo Verde,
- Guiné-Bissau,
- Moçambique e
- Timor Leste.
Por quê a necessidade de nova ortografia?
Meramente ortográfico, restrito à língua escrita. Para unificar a ortografia entre os países de língua portuguesa.
Basicamente duas mudanças
1 – acentuação de palavras;
2 – uso do hífen.
(Mas tem mais!)
1 Mudanças no alfabeto
Inclusão das letras k, w e y; totalizando 26 letras.
Letras usadas em: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt), show, playboy, kung fu, playground, windsurf, William, yin yang etc.
2 Não tem mais TREMA
Não usamos mais o trema. Apenas em nomes estrangeiros: Müller.
Agüentar > aguentar
Argüir > arguir
Bilíngüe > bilíngue
Cinqüenta > cinquenta
Delinqüente > delinquente
Eloqüente > eloquente
Ensangüentado > ensanguentado
Eqüestre > equestre
Freqüente > frequente
Lingüeta > lingueta
Lingüiça > linguiça
Lingüística > linguística
Qüinqüênio > quinquênio
Sagüi > sagui
Seqüência > sequência
Seqüestro > sequestro
Tranqüilo > tranquilo
3 Mudança nas regras de acentuação
1 – Perdem acentos de palavras paroxítonas em ei e oi.
Alcalóide > alcaloide
Alcatéia > alcateia
Andróide > androide
apóia (verbo apoiar) > (ele) apoia
apóio (verbo apoiar) > (eu) apoio
Asteróide > asteroide
Bóia > boia
Celulóide > celuloide
Clarabóia > claraboia
Colméia > colmeia
Coréia > Coreia
Debilóide > debiloide
Epopéia > Epopeia
Estóico > Estoico
Estréia > estreia
estréio (verbo estrear) > (eu) estreio
Geléia > geleia
Heróico > heroico
Idéia > ideia
Jibóia > joboia
Jóia > joia
Odisséia > odisseia
Paranóia > paranoia
Paranóico > paranoico
Platéia > plateia
Tramóia > tramoia
Atenção! Continuam acentuadas: papéis, herói, heróis, dói (verbo doer), sóis etc., porque são oxítonas.
2 – Perderam acentos palavras paroxítonas com i e u tônicos depois de ditongos decrescente.
Baiúca > baiuca
Bocaiúva > bocaiuva (palmeira)
Cauíla > cauila (avarento)
Feiúra > feiura
Atenção! Permanecem acentuadas oxítonas com i ou u final: tuiuiú, tuiuiús, Piauí. E em ditongos crescentes: guaíba, Guaíra.
3 – Não se usa mais acentos em palavras terminadas em eem e oo.
Abençôo > abençoo
crêem (verbo crer) > creem
dêem (verbo dar) > deem
dôo (verbo doar) > doo
Enjôo > enjoo
lêem (verbo ler) leem
magôo (verbo magoar) > magoo
perdôo (verbo perdoar) > perdoo
povôo (verbo povoar) > povoo
vêem (verbo ver) > veem
Vôos > voos
Zôo > zoo
4 – Não se usa mais acento para diferenciar: pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Ele pára o carro. > Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte. > Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo. > Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos. > Esse gato tem pelos brancos.
Comi uma pêra. > Comi uma pera.
Atenção! Permanece acento diferencial em pôde e pode.
Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
Permanecem: Pôr e por.
Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
Permanecem: acentos para diferenciar verbos singulares de plurais.
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.
Facultativos: forma e fôrma.
Qual é a forma da fôrma do bolo?
4 Hífen
1 – Usa-se hífen nas palavras compostas sem elemento de ligação.
Exemplos: guarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca.
Exceções! Perderam o hífen palavras sem noção de composição: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo, parachoque.
Com hífen: palavras com termos iguais ou quase iguais, sem elementos de ligação.
Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu, rom-rom, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre.
2 – Não se usa hífen palavras compostas com elemento de ligação.
Exemplos: pé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, olho de sogra, cana de açúcar.
E mais estes, compostos de base oracional (se comportam como orações): maria vai com as outras, leva e traz, diz que diz que, deus me livre, deus nos acuda, cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta.
Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à-queima-roupa.
Com hífen: palavras com uso de apóstrofo: gota-d’água, pé-d’água.
Palavras derivadas de topônimos:
Belo Horizonte > belo-horizontino
Porto Alegre > porto-alegrense
Mato Grosso do Sul > mato-grossense-do-sul
Rio Grande do Norte > rio-grandense-do-norte
África do Sul > sul-africano
América do Sul > sul-americano
3 – Nomes compostos que designam espécies animais e botânicas.
Exemplos: bem-te-vi, peixe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado, andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia, erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia.
Sem hífen: espécies animais e vegetais empregadas fora do sentido original:
a) bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental) – bico de papagaio (deformação nas vértebras).
b) olho-de-boi (espécie de peixe) – olho de boi (espécie de selo postal).
5 Uso do hífen com prefixo
Com hífen: palavras iniciadas por h.
Exemplos:
anti-higiênico
anti-histórico
macro-história
mini-hotel
proto-história
sobre-humano
super-homem
ultra-humano
1 – Prefixos e palavras terminados e iniciadas com a mesma letra.
Exemplos:
micro-ondas
anti-inflacionário
sub-bibliotecário
inter-regional
Sem hífen: quando o prefixo terminar com letra diferente com que se inicia a outra palavra.
Exemplos:
autoescola
antiaéreo
intermunicipal
supersônico
superinteressante
agroindustrial
aeroespacial
semicírculo
2 – Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s, dobram-se as letras.
Exemplos:
minissaia
antirracismo
ultrassom
Semirreta
ultrarromance
ultrarromantismo
Casos particulares: prefixos sub e sob usam hífen com palavras iniciadas por r.
Exemplos:
sub-região
sub-reitor
sub-regional
sob-roda
Com hífen: prefixos circum e pan com palavras iniciadas por m, n e vogal.
Exemplos:
circum-murado
circum-navegação
pan-americano
Com hífen: prefixos além, aquém, ex, recém, pós, pré, pró, sem, vice.
Exemplos:
além-mar
além-túmulo
aquém-mar
ex-aluno
ex-diretor
ex-hospedeiro
ex-prefeito
ex-presidente
pós-graduação
pré-história
pré-vestibular
pró-europeu
recém-casado
recém-nascido
sem-terra
vice-rei
Sem hífen: prefixo co junta-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o ou h. Corta-se o h. Se começar com r ou s, dobram-se.
Exemplos:
coobrigação
coedição
coeducar
cofundador
coabitação
coerdeiro
corréu
corresponsável
Cosseno
Copiloto
Sem hífen: prefixos pre e re, mesmo diante de palavras começadas por e.
Exemplos:
preexistente
preelaborar
reescrever
reedição
Com hífen: ab, ob, ad diante de palavras começadas por b, d ou r.
Exemplos:
ad-digital
ad-renal
ob-rogar
ab-rogar
Sem hífen: não e quase como prefixos.
Exemplos:
(acordo de) não agressão
(isto é um) quase delito
Com hífen: mal quando diante de palavras começadas por vogal, h e L.
Exemplos:
mal-entendido
mal-estar
mal-humorado
mal-limpo
Quando mal significa doença, usa-se o hífen se não houver elemento de ligação. Exemplo: mal-francês. Se houver elemento de ligação, escreve-se sem o hífen.
Exemplos: mal de lázaro, mal de sete dias, mal de Chagas.
Com hífen: sufixos de origem indígenas que formam adjetivos como açu, guaçu, mirim.
Exemplos: capim-açu, amoré-guaçu, anajá-mirim
Com hífen: duas ou mais palavras que às vezes se combinam.
Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo
Com mais um hífen: na separação silábica no final da linha se a palavra já tiver hífen.
Exemplos: Na cidade, conta-
-se que ele foi viajar.
O diretor foi receber os ex-
-alunos.
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