Tópicos de língua são temas importantes que envolvem o estudo e aprendizagem de um idioma. São eles: a gramática, a linguística, a norma padrão, a norma culta, as variações linguísticas e o preconceito linguístico.
Consideramos que quem escreve precisa saber um pouco sobre os temas importantes que compõem a língua para poder explorá-la da melhor forma e não cometer nenhuma bobagem quando se deparar com tais tópicos, também chamados de assuntos.
Observamos que há uma grande confusão em assuntos linguísticos até mesmo por pessoas das letras. A fim de trazer solução, este texto visa a esclarecer equívocos de forma sucinta e objetiva sobre o que são gramática, linguística, norma padrão e culta, variações linguísticas e preconceito linguístico.
O que é gramática normativa?
A gramática normativa surgiu na Grécia antiga quando os primeiros estudiosos da língua sentiram a necessidade de estabelecer uma regra para a língua escrita, dessa forma, eles observaram os melhores escritores, oradores e as variedades de maior prestígio da época e analisaram o que era mais frequente em seus discursos. A gramática normativa é uma convenção e determina um modelo a ser seguido para escrever e falar bem; tudo que estiver fora desse padrão preestabelecido por ela é erro. É essa língua prescrita pela gramática que é ensinada nas escolas. Uma abordagem unicamente normativa pode levar a conclusões equivocadas sobre a língua. Gramática normativa não é língua!
O que é linguística?
A linguística moderna surgiu no início do século XX com o linguista suíço Ferdinand de Saussure. A linguística é uma ciência que ocupa-se principalmente em investigar a linguagem oral humana. Diferente da gramática (que não é uma ciência), a linguística não classifica a língua em certo ou errado, mas procura descrever e explicar fatos de forma lógica e científica. Ela explica, por exemplo, as variações de pronúncias entre regiões onde se fala tal idioma. Pode explicar, também, porque ocorre uma variação diferente da prescrita pela gramática. Cabe ao linguista estudar toda e qualquer expressão linguística.
O que é norma padrão?
A norma padrão é a língua prescritiva pela gramática normativa, é o ideal de língua a ser seguido. É com essa norma padrão que se deve escrever e se comunicar em situações formais. Tudo que estiver fora desse padrão, segundo a gramática normativa, é erro. Todavia, é uma língua artificial que ninguém fala, nem mesmo professores de português, por mais correto que falem, o que ocorre é uma maior aproximação dessa variedade.
E o que é norma culta?
Diferentemente da norma padrão, a norma culta é a variedade de maior prestígio da língua, falada pelas classes dominantes, pelas pessoas escolarizadas. Na norma culta coexistem o padrão formal, utilizado na escrita e em discursos pomposos, e o padrão coloquial, utilizado na língua oral falada em conversas informais do dia a dia. Então, nesta última, admite-se, sem traumas, variações como Eu vi ela.
O que são variações linguísticas?
As variações (ou variantes) linguísticas são todas as diferenças que ocorrem em um mesmo idioma.
Sendo assim, a língua não é um bloco fechado, todo certinho, como muitos pensam que é; ela varia e muito. Todas as línguas variam, sem exceção.
Assim, língua portuguesa que se fala em São Paulo não é a mesma língua portuguesa que se fala no Rio de Janeiro. As variações linguísticas não descritas pela gramática normativa são consideradas erradas e por isso são menosprezadas. O falante de uma variedade de menor prestígio, geralmente, é de uma classe econômica mais baixa, que teve pouco ou nenhum estudo por isso fala de um modo diferente, e não errado. Todas as variações linguísticas seguem uma lógica, além disso, o que era errado ontem é o certo de hoje; o errado de hoje provavelmente será o certo de amanhã. Os gramáticos demoram demais para aceitar como correta uma variante que apareceu faz tempo na língua falada. O português falado pelos nossos avós não é o mesmo que falamos hoje. Assim é a língua, não empobrece, não se deteriora, não evolui, simplesmente muda.
O que é preconceito linguístico?
E, finalmente, preconceito linguístico é menosprezar variantes que não são descritas pela gramática normativa. Muitas pessoas desconhecem este tipo de preconceito e o fazem sem saber, repetindo um discurso equivocado veiculado pelos gramáticos. Uma visão unicamente normativista pode levar ao preconceito linguístico. Geralmente, o preconceito linguístico revela outras formas de preconceito, como o preconceito social, racial, religioso e tantos outros.
Então, nosso esforço é alertar para que este tipo preconceito se extinga, assim como os demais.
Referências:
BAGNO, M. Gramática Pedagógica do Português Brasileiro. 1 ed. São Paulo: Parábola, 2011.
BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
FIORIN, J. L. (Org.) Introdução à Linguística I. Objetos Teóricos. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2012.
ILARI, R.; BASSO, R. O Português da Gente: A língua que estudamos, a língua que falamos. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2011.
SCHERRE, M. M. P. Doa-se lindos filhotes de Poodle. 2. ed. São Paulo: Parábola, 2005.